sábado, 29 de março de 2008

Rotina?

Que a rotina não me atinja. Que o caminho trabalho-casa-trabalho tenha paradas para uma caña no meio do trajeto. Que a preguiça não me alcance. Que cada esquina continue descortinando surpresas. Que os dias em casa sejam por opção. Que a vida siga cheia de descobertas. Sempre e sempre.

quarta-feira, 19 de março de 2008

A loucura das Fallas

Este fim de semana fui conferir as Fallas de Valencia. A festa é uma loucura, milhares de pessoas circulando pelas ruas do centro histórico da cidade. Dia, tarde e madrugada adentro. A grande atração da festa são as fallas, esculturas gigantes - umas menores também - colocadas em cada esquina. É uma espécie de carro alegórico parado. E, confesso, com acabamento bem melhor que os do carnaval do Rio. Quem constrói elas são os falleros, que podem ser vizinhos de um bairro que economizam todo o ano para paga a falla. Se bem que empresas estão colocando muito dinheiro em algumas fallas, o que é criticado pelos falleros autênticos, pois acaba com a competição honesta. Sim, há uma disputa de falla mais bonita.



Reparem não apenas no tamanho desta, mas também na proximidade da falla com os prédios. E olha que essa nem era a mais próxima. Algumas são coladinhas aos edifícios. Qual o problema? É que no dia 18 de março todas - todas, mesmo, as 300 e tantas - são queimadas ali, mesmo, em plena rua. Infelizmente não pude ficar para ver, mas dizem que é um misto de basbaquismo, horror, admiração e medo. Uma cortina de fumaça e fogo ardendo perto dos prédios e, claro, das pessoas. Há um regra: todo ano tem incêncio - por quê será? - e alguém que perde o olho.



Essa é a maior falla a cidade, com cerca de 30 metros. Esse ano o empresário de construção civil "dono" dela gastou 1 milhão de euros nela. O que, na verdade, é uma grande sacanagem com os outros falleros, pois participam na competição especial - algo como escolas de samba do grupo A - as fallas que custarem pelo menos metade do maior valor gasto no último ano. Ou seja, ele elevou o ponto de corte para 2009 em 500 mil euros. Abaixo um detalhe dela. Com tanto dinheiro assim tinha que ser bonita, mesmo.



Mas a festa tem mais. Todo dia, 14 horas, a Plaza del Ayuntamento recebem uma multidão de pessoas para acompanhar a mascletá, uma queima de fogos de uns 5 minutos. Achei estranho os pessoal do meu lado colocando tampões de ouvido antes... até que descobri porque. Até hoje estou meio surdo. Olha a multidão:



E, por supuesto, ir a Valencia e não comer a verdadeira paella... valenciana seria uma heresia. Fomos com a Rachel (primeira à direita), que mora lá, comer num dos restaurante mais conhecidos, na praia.



E também teve tourada, mas isso é assunto para outro post. Abaixo, uma fotinho para adelantar o tema.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Olha o link aí gente!

http://www.elpais.com/elviajero/europa/index.html

Já que estou me achando, segue a fotinho. Prometo que será a última vez que fico avisando, ok? Essa vale por ser a primeira, não vale? A estréia no El País. Atualizando este mesmo post: neste sábado sai outro artigo. Por isso vou parar de encher o saco com isso. Só volto a fazer quando for capa. Vale?

quinta-feira, 13 de março de 2008

Albergue espanhol

Quando viajo, sempre me lembro do filme Albergue Espanhol. Mais especificamente de um pensamento do protagonista, Xavier, um estudante francês que vem morar na Espanha e acaba compartindo (vou adotar o compartir em português também) apartamento com mais sete jovens de diferentes nacionalidades. A cena mostrava as ruas de Barcelona vazias, se não me falha a memória, e a voz em off falava algo sobre a estranha sensação de se chegar pela primeira vez em uma cidade em que vai morar. Da maneira como aquelas ruas, então desconhecidas, em pouco tempo se tornariam cenário de seu dia a dia. Seriam seu ambiente e, de certo modo, seu lar. É louco viver isso, ter esta sensação. Hoje já sei que se entro no quarto vagão do trem no metrô Pacífico, vou sair exatamente na frente da saída para a escada rolante do metro Diego de León e assim economizo uns dois minutos no trajeto de quase uma hora e duas trocas de metrô até o trabalho. Já sei que andando duas quadras para baixo e meio quarteirão à direita há um restaurante grego com o melhor kebap da região, por módicos 3 euros. Que a senhora de nacionalidade desconhecida que canta todos os dias no metro adora a música Quizás, Quizás, Quizás - um dia pararei para dar uma moeda a ela. Que dos três orelhões da esquina, o do meio não funciona e o de trás tem som muito baixo e com ruído. São coisas que ajudam a, digamos, sentir-se em casa, uma nova casa. Pois é, estou em processo de construção de um lar. Em estágio já avançado, diria.

Notícia atualizada

Pois é, agora está impresso, na minha frente, não tem mais volta. Esse sábado sai a primeira nota. Coisa pequena, por supuesto, mas tá la o nominho.

quarta-feira, 12 de março de 2008

Notícia nova

Este sábado, muito provavelmente, sairá minha primeira nota. À noite saberei com certeza.

Notícia velha

Zapatero ganhou.

domingo, 9 de março de 2008

La Terrazita - 20:32


Imagens do dia

Do passeio a Alcalá de Henares, cidade ao lado de Madri onde nasceu Miguel de Cervantes, as imagens do dia são:


Protesto contra o grupo ETA, que ontem rompeu a trégua e cometeu um assassinato no país Vasco.


Pedindo uma mãozinha para Don Quijote.

Ainda sobre eleições...

Na Espanha o voto leva em conta, principalmente, o partido e não o candidato. O peso da linha do partido, de seus princípios, é muito forte e já está arraigado no voto de grande massa dos espanhóis. É claro que um picolé de chuchu pode perder muitos votos dos indecisos, dos que não têm seu partido definido. Mas a grande massa sabe: se voto PSOE, voto na esquerda, se voto PP, é na direita. E em tudo que cada um representa. Eles sabem que quem colocam lá, pelos menos a princípio, vai seguir as diretrizes do partido, aquelas diretrizes que eles já conhecem, confiam e acreditam. Pois é, quanta diferença...

Isso sim que é debate

Abre-se um tema por bloco e os candidatos estão livres para falar. Começa a pelea. Vale chamar de mentiroso na cara, subir o tom de voz, tentar rebater o outro enquanto ele está no seu tempo de fala. Nada de microfones cortados. Isso sim que é debate! Nada da onda politicamente correta, padrão global, que assola os debates no Brasil nos últimos tempos. Aqui o circo pega fogo. E não dá sono.

Jornalismo parcial

Amanhã tem eleições para presidente aqui. O que mais nos surpreendeu foi que os jornais assumem abertamente suas posições políticas. É quase descarado, ou melhor, é descarado o apoio a determinado candidato. O jornal El Mundo chegou esta semana ao limite máximo nunca visto nem mesmo aqui, onde já é tradição esse posicionamento e não choca a ninguém, e fez um editorial pedindo votos ao candidato da direita. Aliás, o único grande jornal que defende a esquerda é o El País, os outros caem em cima de Zapatero, o atual presidente e, se as previsões estiverem certas, vai continuar no posto. Um dia depois do primeiro debate, a capa dos dois maiores jornais, o El Mundo, de direita, e o El País, eram:



Quem ganhou o debate? Tem que ler os dois e tirar suas próprias conclusões. Aliás, um grande, digamos, divertimento, é cada um de nós comprar um jornal e comparar a mesma notícia política em cada um. Parece que cada jornalista ouviu o que queria, ou o que o chefe queria...

segunda-feira, 3 de março de 2008

Vitrine

E a escolhida da viagem para Segovia é...


Catedral - Segovia - março - 2008

Imagens de Segovia

Hoje vão as fotos. Comentários outro dia, sem sono.


Descansando na Catedral. Da frente para trás: Efrén (El Salvador), Conié (Guatemala), Wilder (Nicarágua), Marlene (Paraguai) e, lá atrás, Shelmar (Panamá)


Turma toda posando em frente à Catedral de Segovia


Sim, do Youtube para as camisetas

sábado, 1 de março de 2008

O dia em que eu não estava lá

Ele estava nervoso. Gravata apertando o gogó, sapato novo arranhando o calcanhar, gravata levemente torta e aquele frio na barriga que precede momentos decisivos. Quase antecipo a profusão de tiradas sem graça que deve ter feito para amenizar o nervosismo. Não seria ele se não as fizesse. Ela tampouco estava calma. Quase não comeu nada durante o dia, ficou em dúvida com o penteado - mas depois tranquilizou-se -, analisou mil vezes o vestido pendurado na porta do armário para pegar mais um ar e soltou uma dezena de vezes aquela risada única - foi sua tática para acalmar as borboletas na barriga. No espaço destinado aos degraus do altar que não havia, ele batucava o pé impaciente. Nos bastidores, ela desfolhava o buquê enquanto esperava a hora de entrar. Fingia aquele misto de calma e segurança, é certo, mas estava uma pilha. A cerimônia começa. No caminho até o altar sem igreja rostos conhecidos, sorrisos verdadeiros, olhos marejados. Ela se esforça para não chorar. Ele faz de tudo para se conter. Ambos conseguem, seus pais não. Queriam uma cerimônia diferente. Mas, no final, casamento é casamento, não importa os detalhes inéditos. A troca de alianças, as frases de amor eterno, o sim e o beijo final acabam deixando casamento com cara de... casamento - seja no sertão ou NY, na favela ou no castelo. A festa, essa sim, é que pode, e pôde, fazer a tal diferença. As bandejas revelavam, finalmente, os quitutes guardados como segredo de estado. O casal, agora oficial, quis logo decretar que a festa podia começar, sem a lenga lenga dos trâmites costumeiros, e começou a dançar - para desespero da mãe da noiva, que prefere o tradicional. Ao invés do mesa a mesa, foram de roda em roda saudando os convivas. Nas mais animadas, abraçavam-se todos e pulavam em um grande círculo - ok, ok, isso já foi lá pelo meio para o final, quando já estavam de havaianas, alguns com a gravata querendo ir para a cabeça, cena bizarra, mas decreto máximo de que a festa está boa. Na passagem para o corte da gravata, ela resignou-se em torcer para que os amigos do noivo, ou melhor, marido, não dessem tanto vexame. É, foi daquelas festas que os amigos comentam anos depois. Daquelas que se tornam marco de referência. Depois dela, vai haver pior que ela e melhor que ela - o que acredito difícil. Umas cinco da manhã, poucos sobreviventes, os dois dançam no meio do salão, os pés doem, estão cansados, um pouco bêbados - mentira, muito bêbados -, rostos colados, trocam aquele olhar que não exige palavras, ela aperta o rosto dele com as duas mãos - ou cutuca a não barriga que ele julga proeminente? Não estou bem certo -, eles se abraçam e prosseguem a dança de uma vida, agora oficialmente juntos. Foi assim que foi. Foi assim que seria. Quase aposto nisso. Só não dou certeza plena pois esse foi o dia em que eu não estava lá.


Diogo e Giu. Vocês sabem o peso no coração que me dá não estar aí hoje. É como faltar ao casamento de um irmão, porque vocês são mais que melhores amigos. Escrevi este post nessa hora porque deve ser o momento em que vocês devem estar casando. É minha maneira de estar aí com vocês.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

A musa

E já que hoje é o dia das fotos, a musa do blog: La Terrazita

Vitrine

Ainda da viagem de Salamanca, a foto vencedora para a vitrine.


Salamanca/fev. 2008

PS.

Agora, sim, as postagens estão com data e hora certas. Para que não digam que tenho tempo ou falta de vergonha na cara de postar no meio da tarde...

A arte de compartir

Compartir em português é um verbo usado pouco no dia a dia. As campanhas da igreja, de ONGs e afins falam muito em compartir. Sempre me parece que está ligado a ceder ao outro o que nos sobra, ou a sobra. Na "vida real" falamos mais em dividir. Em espanhol, comparte-se muito. O apartamento, o prato para duas pessoas, a mesa de trabalho. E, pensando bem - e nessas semanas tenho pensado muito -, é tão mais, digamos, generoso, usar o compartir. Dividir agora soa para mim: "isso é meu e aquilo é seu". Compartir seria: "isso é nosso". Bueno, decidi compartir esta viagem momentânea com quem lê.

A importância de ter amigos

É engraçado a diferença que faz enfrentar uma situação adversa estando em um grupo. Quando fui para São Paulo, creio que tudo seria tão mais difícil se não fosse a turma do Curso Abril enfrentando a mesma batalha junto. As festas, as conversas, os chororôs comunitários, o almoço numa mesa gigante. Tudo ajuda a amenizar a pressão de estar num ambiente desconhecido. Chegamos a esquecer o quão difícil poderia ser viver aquilo tudo sozinho. Quando fui para o Recife, solito que só, quantas vezes nos primeiros meses clamava por um ombro, alguém para fazer piadas, sentar numa mesa de bar ou simplesmente contar como foi o dia. Só passei a viver, mesmo, a cidade, depois de encontrar por lá grandes amigos. Mas o início foi difícil. Em Madri, tenho a sorte de fazer parte de um grupo, os Balboas. E agora lembro de outro fenômeno. Como pessoas que nunca se viram na vida - no caso do Curso Abril de estados diferentes, e aqui, de países diversos - convertem-se em amigos em poucos dias? Creio que a vontade de criar esta couraça que nos protege do desconhecido pode ser a resposta à questão.

Abaixo, apresento meus novos amigos:


Uma noite de "marcha"

Da série coisas curiosas...

... a máquina de cigarros. Parece máquina de doces para crianças. Em alguns lugares tem que pedir para liberarem o trambolho por controle remoto, para evitar que menores de 18 anos comprem. Bueno, eu espero parar, porque faz mal e porque cada maço custa 3 euros! Mas não agora, ok? A proposta é: quando encontrar a Erikinha em Paris e formos a um daqueles cafés clássicos, numa manhã invernal de sol, jornal ou livro para ler, fumamos juntos nossos últimos cigarros. Tem que ser algo clássico, não?


A tal máquina

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Ok. Agora já tenho o que falar

Post censurado depois de um puxão de orelha bem dado, com razão.

Previsão do tempo

La Terrazita tem passado um tempo sola depois que o trabalho começou. Faz frio e chove - quem disse que nunca chovia em Madrid está bem enganado. Tempo estável dentro da Terrazita, com todos se encaminhando, se acostumando, entrando numa rotina - como é fácil entrar numa rotina, espero apenas não cair na rotina. Estamos, eu e Los Diegos, planejando a inauguração oficial do pedaço. Esperamos que chegue logo a primavera e o verão, quando, prevejo, La Terrazita será o lugar mais disputado pelos Balboas, amigos e afins.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

O mistério das calorias

Em tudo vai batata, geralmente frita ou bem oleosa. Em tudo vai ovo, muitas vezes frito. O jamón tem uma capa de gordura. Em tudo vai jamón e há mil variedades. Queijo vai quase em tudo. Os churros pingam, literalmente, gordura. O chocolate quente é tão grosso que quase se corta - e não tem xícara pequena, só a grande, gigante. O pão vai à mesa sempre, em profusão, chegando ao cúmulo de um tipo de tapa ser um croquete frito sobre uma fatia de pão e de haver bocadillo de tortilla, ou seja, um sanduíche recheado com uma espécie de panqueca de batata: cúmulo da festa de carboidratos. Porém, os espanhóis são magros. Para onde vão as calorias? O que eles fazem? Comer eles comem muito, tanto que em alguns lugares - jornais, inclusive - o horário para o almoço é de três horas, com direito a entrada, prato principal, sobremesa, caña (no meio do dia, sim) e café. Isso é um mistério.

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Adendo 1: me pesei hoje pela primeria vez. Um quilo a menos que em SP. Como pode? Estou assumindo o padrão come-não-engorda dos espanhóis ou a tensão da primeira semana me tirou alguns quilos que agora estou recuperado? Mais um mistério.

Adendo 2: estar abaixo do peso que eu achava que estaria me dá uns dias a mais para não começar a correr no parque pela manhã, a uns 5 graus. Semana que vem eu começo.

Não falei que era cedo?

Hoje já foi bem melhor. Até tenho pauta e uma coletiva de imprensa para ir. Mas esperemos mais para não fazer julgamentos precipitados.

Melhor deixar para outra hora...

... antes de tirar conclusões precipitadas sobre o primeiro dia de trabalho...

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Sonhos e realidade

É engraçado quando um sonho se torna realidade. Sem desmerecer o sonho, mas quando estamos prestes a concretizá-lo parece que eles perde um pouco a força de SONHO, assim, mesmo, em maiúsculas. Tenho me lembrado muito das tradicionais conversas matinais com a grande Robs no fumódromo. Eu fumante, ela não, fazíamos uma sessão descarrego antes de empezar a labuta. Frustações, inquietações, desejos e sonhos eram os temas recorrentes. Meu sonho recorrente, e distante, era trabalhar no caderno El Viajero, do El País. Cheguei a mandar um email para oferecer freelas. Nunca tive resposta. Amanhã começo no El Viajero, no El País. Realidade. A realidade vem pintada de tons mais ocres, no sonho não temos medo, no sonho não temos dúvida se vamos dar conta do recado, no sonho sei falar e escrever em espanhol perfeito. Se a realidade se aproximar uns 50% do sonho, já é um SONHO, assim, mesmo, em maiúsculas.

Visita!

Pois é, a primeira visita já está na cidade. Cris já passou frio, aproveitou as rebajas, tomou um chocolate quente + churros na chocolateria mais famosa de Madri, de 1800 e bolinha, e provou tapas + cañas em La Latina. Digamos que é um mini-programa-completo de um dia. Hoje amanheceu chuvoso e a viagem para Toledo ficou para outro dia... pena, porque amanhã finalmente começo a trabalhar. Temos que tomar uma cañita para marcar o fim das férias!

Célia, Cris e eu na Plaza Mayor, Madrid, depois de escrever o post acima, antes de irmos para o Museu Reina Sofía.

Salamanca

Final de semana em Salamanca. Ou melhor, depois de um trem perdido e uma volta antecipada para receber a primeira visita, meio final de semana. Viagem em grupo. Sete sudacas descobrindo a cidade. Dizem que tem uma das plazas mais bonitas da Espanha. Eu acredito (fotos em breve, quando eu descobrir como baixar). A previsão era de uma balada forte, alimentada pela grande quantidade de estudantes universitários que vivem na cidade. Nem foi tão forte assim, mas boa. Ainda não me acostumei com a mania de pular de bar em bar durante a noite. Seria fácil se cada vez que se entrasse em algum lugar não fosse uma megaoperação para tirar jaqueta + cachecol + luvas + blusa de lã + blusa. Meia hora depois... lá estamos nós colocando tudo de volta para mudar de bar. E, ao final, eles não voltam para o bar que estava bom! Costumbres, costumbres...




Fim de tarde na Plaza Mayor de Salamanca




E a noite começou em um pub...
Atendendo a pedido para complementar a legenda: da esquerda para a direita Diego (Argentina), Maye (Venezuela), Angelica (Colômbia), Diego (Argentina), Vanessa (México), Rocío (Bolívia) e eu (Brasil). Ps.: sim, são dois Diegos e os dois da Argentina. Eles que dividem apê comingo.

Previsão do tempo

Chove em La Terrazita. E quem disse que nunca chovia em Madri? Em três semanas, duas foram de chuva - e frio, claro. Sete graus lá fora. Já dá para imaginar porque eles festejam em profusão a chegada do verão. Dia de arreglar a casa.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Previsão do tempo

La Terrazita ficou sola hoy. Fez frio e choveu. Oito graus há uma hora atrás. Aulas o dia todo. História da Espanha. Política da Espanha. Mais política da Espanha. Nuvens de expectativa para o trabalho que começa na terça-feira. Pois é, ganhei mais um dia de vacaciones. Previsão de céu aberto na editoria que vão me colocar no El País. Surpresa só se conta quando a notícia se confirma. Mas se confirmar, serei ainda mais feliz que agora, se é que é possível. Boa viagem para todos. Amanhã pego um trem para Salamanca.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Calorias madrileñas que valem a pena

Jamón + queso
Chocolate quente + churros
Tapas + caña (cerveja)

Previsão do tempo

Tempo cinza em La Terrazita. Uns 8 graus, se muito. Misto de medo, alegria e expectativa entre os convivas. Dia de enfurnar-se em um museu, se a pereza deixar. Previsão de tempo aberto logo mais à noite. A famosa festa Erasmus é aguardada com moderada ansiedade.

Da série novas expressões...

BOLUDEANDO: versão argentina para o tradicional matar tempo no trabalho; entrar no Orkut, no MSN e afins enquanto espera algo para fazer, quando está de saco cheio ou enquanto espera o chefe sair.
Na versão brasileira, mais especificamente no Neidoquês (jerga da incomparável e indefectível amiga Neide), FRENANDO.

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Adendo 1: boludear ou frenar é uma arte difundida mundialmente.

Adendo 2: os espanhóis são especialistas em boludear. Das 8 horas de trabalho, umas 5 são dedicadas à frenagem.

Adendo 3: Ah! Bons tempos em que frenávamos compulsivamente pensando que barbaridades aprontar na redação se ganhássemos na Megasena. Minha preferida ainda é o show escatológico entre as mesas no meio da tarde.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Previsão do tempo

Bate sol em La Terrazita. Uns 10 graus. As roupas lavadas no final de semana ainda estendidas. Um café, um cigarro, a leitura agora obrigatória do El País. Um mundo a descobrir lá fora. Museus, feiras, lojas, cafés. Uma semana de vacaciones para isso antes de começar a labuta... mas a preguicinha e o sol que bate em La Terrazita não me deixam sair. Horário: 13h03.

A perda do sarcamo...

Quem me conhece, mesmo, sabe de meu humor negro. Sarcasmo e acidez são meu forte, admito. Não poupa inimigos e menos ainda os amigos. Mas ser sarcástico em outra língua deve requerer anos e anos de prática. Por mais que eu me esforce, por mais que eu tente - juro que já tentei várias vezes -, não rola. Pior, quando saio do limbo das piadas inocentes - essas aparecem com uma frequência vexatória - e consigo dar AQUELA tirada, cheia de toques politicamente incorretos, depreciativa, enfim, humor negro profissional, ninguém entende ou não acha graça. Possibilidade 1: meu espanhol está ruim de doer. Possibilidade 2: é apenas questão de diferente senso de humor. Possibilidade 3: ainda me faltam amigos que me conhecem de verdade. Raios! Estou perdendo a identidade.

Ps.2 da nota abaixo

O primeiro texto foi grande... Os outros serão menores, prometo.

Ps.1 da nota abaixo

Sim, a foto que ilustra o blog é a tal terrazita. Não em toda sua grandeza, é claro.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Em busca da terrazita...

O cheiro indicava que uma velhinha, daquelas bem enrrugadas, com casaco emanando naftalina e um chale de lã meio puído, tinha morado pelos menos um 89 anos ali. Cheiro de velhinha européia, sabe? Aquele misto de água de rosas, mofo, laquê e gato - sim, todas têm um. Odor se disfarça, mas a falta de janelas com alguma vista que não fosse as cuecas do vizinho penduradas no fosso entre os apartamentos, ah!, isso não dava. Para saber se chovia, fazia sol, estava quente ou frio era necessário debruçar-se no quadradinho que eles chamavam de janela, virar de costas e olhar para cima. O burado de 2X2 por onde se via o céu daria a resposta. Nesse momento minhas esperanças de achar um apartamento decente em Madri já estavam esgotadas. Fazia uma semana que eu procurava e nada, nada. A idéia inicial era achar um com uma terraza, um balcãozinho, uma sacadinha que fosse, para perpetuar a tradição de domingos ensolarados acompanhados de café, cigarro e amigos. Mas essa perspectiva eu já tinha abandonado há dias, depois de muito mofo, laquê e gato. Esgotado, cansado, me imaginando dormindo num colchão já com o molde do corpo de uma dessas velhinhas, fui salvo pelos dois argentinos que participam do mesmo programa de bolsas que eu. Pelo celular vi o apartamento que tinham encontrado. Tem janelas para fora em todos os quartos: OK. O banheiro não tem porcelanas que foram moda na década de 30: OK. A cozinha tem até microondas: OK. Tem terraza... O quê? Lá estava ela: beiral de azulejo vermelho, telhadinho verde, vista para a torre da estação Atocha (algo a confirmar ainda), o fim de tarde caindo naquele espaço de 3X4... La Terraza. Depois de uma breve mentira para o dono do apartamento ("No alquilamos para personas que se quedan acá por menos de un año!", dizia algo assim ele), ela era nossa. La terrazita. Lugar para receber os amigos, passar tardes lagarteando, analisando Madri e as experiências que viverei aqui nos próximos meses. Lugar de onde tentarei escrever essas linhas. Sentemos juntos ao sol.