Bueno, até estão nos guias, mas para mim foram duas descobertas:
El Tigre (Calle Infanta, 30, Chueca)Eu que já estava contente en ganhar um pratinho com umas cinco ou seis fatias de chorizo sempre que pedia a sagrada cañita do dia a dia, descobri hoje o paraíso. O bar não é lotado por acaso. Você pede uma caña e vê o garçom depositar um prato - disse prato, não pratinho - com uma profusão de tapas. Así de sensillo. Com a minha última caña,
se bem recorda minha alcoolizada memória, vieram: dois trozos de tortilla, uma croqueta de jamón, dois pintxos de chorizo con salsa de tomate e alho e duas batatas bravas (com molho picante). Ok, isso foi depois que pedimos várias cañas e já tínhamos provado para o garçom que enquanto ele mandasse bala nas tapas a gente continuaria pedindo. Mas desde a primeira já começou farto o serviço. É... o paraíso.
El Tigre, em foto surrupiada na internet. E olha que eu estava com minha câmera. Tsc...tsc...La Soleá (Cava Baja, 34, La Latina)Flamenco de graça? Sim, tem. E melhor, espontâneo. O bar é um dos points de gitanos e cia. que reunem-se ali para soltar a voz no flamenco. A cantoria começa tarde. Antes das 23 sempre tem o violeiro, uma moça que consegue a proeza de bater uma vez as palmas e fazer dois sons diferentes - ainda não descobri como - e um senhorzinho que tem duas bolas de basquete na barriga e canta bem mais ou menos na minha modesta opinião - é bem aplaudido porque, afinal, é um senhorzinho. Depois começa a lotar, de turistas e de gitanos, e o flamenco reverbera. Nas sextas e sábados o calor humano é quase
demasiado. De repente, o cara que está do seu lado toma fôlego e começa a soltar o gogó, as palmas ritmadas
empiezan e está feito o show. Depois passam um pratinho para depositar as moedinhas - ok, ok, não é totalmente de graça. O curioso é ver uns moleques vestidos como manos americanos cantando esse som melancólico, triste, sofrido e... lindo.
Detalhe: esse cantando é outra figura que vive lá mais cedo, junto com o velhinho-duas-bolas-de-basquete. A voz dele dá medo... rouco-arranha-garganta. Ele poderia fazer campanha contra o fumo. Quando eu parar, ele terá 75% dos méritos. PS.: La soleá (soledad en dialecto andaluz) es una combinación métrica propia de la lírica popular andaluza, compuesta por tres versos de arte menor octosílabos con asonancia en el primer y el tercer verso y sin rima de ninguna especie el segundo (8a, 8-, 8a).