sábado, 29 de março de 2008

Rotina?

Que a rotina não me atinja. Que o caminho trabalho-casa-trabalho tenha paradas para uma caña no meio do trajeto. Que a preguiça não me alcance. Que cada esquina continue descortinando surpresas. Que os dias em casa sejam por opção. Que a vida siga cheia de descobertas. Sempre e sempre.

quarta-feira, 19 de março de 2008

A loucura das Fallas

Este fim de semana fui conferir as Fallas de Valencia. A festa é uma loucura, milhares de pessoas circulando pelas ruas do centro histórico da cidade. Dia, tarde e madrugada adentro. A grande atração da festa são as fallas, esculturas gigantes - umas menores também - colocadas em cada esquina. É uma espécie de carro alegórico parado. E, confesso, com acabamento bem melhor que os do carnaval do Rio. Quem constrói elas são os falleros, que podem ser vizinhos de um bairro que economizam todo o ano para paga a falla. Se bem que empresas estão colocando muito dinheiro em algumas fallas, o que é criticado pelos falleros autênticos, pois acaba com a competição honesta. Sim, há uma disputa de falla mais bonita.



Reparem não apenas no tamanho desta, mas também na proximidade da falla com os prédios. E olha que essa nem era a mais próxima. Algumas são coladinhas aos edifícios. Qual o problema? É que no dia 18 de março todas - todas, mesmo, as 300 e tantas - são queimadas ali, mesmo, em plena rua. Infelizmente não pude ficar para ver, mas dizem que é um misto de basbaquismo, horror, admiração e medo. Uma cortina de fumaça e fogo ardendo perto dos prédios e, claro, das pessoas. Há um regra: todo ano tem incêncio - por quê será? - e alguém que perde o olho.



Essa é a maior falla a cidade, com cerca de 30 metros. Esse ano o empresário de construção civil "dono" dela gastou 1 milhão de euros nela. O que, na verdade, é uma grande sacanagem com os outros falleros, pois participam na competição especial - algo como escolas de samba do grupo A - as fallas que custarem pelo menos metade do maior valor gasto no último ano. Ou seja, ele elevou o ponto de corte para 2009 em 500 mil euros. Abaixo um detalhe dela. Com tanto dinheiro assim tinha que ser bonita, mesmo.



Mas a festa tem mais. Todo dia, 14 horas, a Plaza del Ayuntamento recebem uma multidão de pessoas para acompanhar a mascletá, uma queima de fogos de uns 5 minutos. Achei estranho os pessoal do meu lado colocando tampões de ouvido antes... até que descobri porque. Até hoje estou meio surdo. Olha a multidão:



E, por supuesto, ir a Valencia e não comer a verdadeira paella... valenciana seria uma heresia. Fomos com a Rachel (primeira à direita), que mora lá, comer num dos restaurante mais conhecidos, na praia.



E também teve tourada, mas isso é assunto para outro post. Abaixo, uma fotinho para adelantar o tema.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Olha o link aí gente!

http://www.elpais.com/elviajero/europa/index.html

Já que estou me achando, segue a fotinho. Prometo que será a última vez que fico avisando, ok? Essa vale por ser a primeira, não vale? A estréia no El País. Atualizando este mesmo post: neste sábado sai outro artigo. Por isso vou parar de encher o saco com isso. Só volto a fazer quando for capa. Vale?

quinta-feira, 13 de março de 2008

Albergue espanhol

Quando viajo, sempre me lembro do filme Albergue Espanhol. Mais especificamente de um pensamento do protagonista, Xavier, um estudante francês que vem morar na Espanha e acaba compartindo (vou adotar o compartir em português também) apartamento com mais sete jovens de diferentes nacionalidades. A cena mostrava as ruas de Barcelona vazias, se não me falha a memória, e a voz em off falava algo sobre a estranha sensação de se chegar pela primeira vez em uma cidade em que vai morar. Da maneira como aquelas ruas, então desconhecidas, em pouco tempo se tornariam cenário de seu dia a dia. Seriam seu ambiente e, de certo modo, seu lar. É louco viver isso, ter esta sensação. Hoje já sei que se entro no quarto vagão do trem no metrô Pacífico, vou sair exatamente na frente da saída para a escada rolante do metro Diego de León e assim economizo uns dois minutos no trajeto de quase uma hora e duas trocas de metrô até o trabalho. Já sei que andando duas quadras para baixo e meio quarteirão à direita há um restaurante grego com o melhor kebap da região, por módicos 3 euros. Que a senhora de nacionalidade desconhecida que canta todos os dias no metro adora a música Quizás, Quizás, Quizás - um dia pararei para dar uma moeda a ela. Que dos três orelhões da esquina, o do meio não funciona e o de trás tem som muito baixo e com ruído. São coisas que ajudam a, digamos, sentir-se em casa, uma nova casa. Pois é, estou em processo de construção de um lar. Em estágio já avançado, diria.

Notícia atualizada

Pois é, agora está impresso, na minha frente, não tem mais volta. Esse sábado sai a primeira nota. Coisa pequena, por supuesto, mas tá la o nominho.

quarta-feira, 12 de março de 2008

Notícia nova

Este sábado, muito provavelmente, sairá minha primeira nota. À noite saberei com certeza.

Notícia velha

Zapatero ganhou.

domingo, 9 de março de 2008

La Terrazita - 20:32


Imagens do dia

Do passeio a Alcalá de Henares, cidade ao lado de Madri onde nasceu Miguel de Cervantes, as imagens do dia são:


Protesto contra o grupo ETA, que ontem rompeu a trégua e cometeu um assassinato no país Vasco.


Pedindo uma mãozinha para Don Quijote.

Ainda sobre eleições...

Na Espanha o voto leva em conta, principalmente, o partido e não o candidato. O peso da linha do partido, de seus princípios, é muito forte e já está arraigado no voto de grande massa dos espanhóis. É claro que um picolé de chuchu pode perder muitos votos dos indecisos, dos que não têm seu partido definido. Mas a grande massa sabe: se voto PSOE, voto na esquerda, se voto PP, é na direita. E em tudo que cada um representa. Eles sabem que quem colocam lá, pelos menos a princípio, vai seguir as diretrizes do partido, aquelas diretrizes que eles já conhecem, confiam e acreditam. Pois é, quanta diferença...

Isso sim que é debate

Abre-se um tema por bloco e os candidatos estão livres para falar. Começa a pelea. Vale chamar de mentiroso na cara, subir o tom de voz, tentar rebater o outro enquanto ele está no seu tempo de fala. Nada de microfones cortados. Isso sim que é debate! Nada da onda politicamente correta, padrão global, que assola os debates no Brasil nos últimos tempos. Aqui o circo pega fogo. E não dá sono.

Jornalismo parcial

Amanhã tem eleições para presidente aqui. O que mais nos surpreendeu foi que os jornais assumem abertamente suas posições políticas. É quase descarado, ou melhor, é descarado o apoio a determinado candidato. O jornal El Mundo chegou esta semana ao limite máximo nunca visto nem mesmo aqui, onde já é tradição esse posicionamento e não choca a ninguém, e fez um editorial pedindo votos ao candidato da direita. Aliás, o único grande jornal que defende a esquerda é o El País, os outros caem em cima de Zapatero, o atual presidente e, se as previsões estiverem certas, vai continuar no posto. Um dia depois do primeiro debate, a capa dos dois maiores jornais, o El Mundo, de direita, e o El País, eram:



Quem ganhou o debate? Tem que ler os dois e tirar suas próprias conclusões. Aliás, um grande, digamos, divertimento, é cada um de nós comprar um jornal e comparar a mesma notícia política em cada um. Parece que cada jornalista ouviu o que queria, ou o que o chefe queria...

segunda-feira, 3 de março de 2008

Vitrine

E a escolhida da viagem para Segovia é...


Catedral - Segovia - março - 2008

Imagens de Segovia

Hoje vão as fotos. Comentários outro dia, sem sono.


Descansando na Catedral. Da frente para trás: Efrén (El Salvador), Conié (Guatemala), Wilder (Nicarágua), Marlene (Paraguai) e, lá atrás, Shelmar (Panamá)


Turma toda posando em frente à Catedral de Segovia


Sim, do Youtube para as camisetas

sábado, 1 de março de 2008

O dia em que eu não estava lá

Ele estava nervoso. Gravata apertando o gogó, sapato novo arranhando o calcanhar, gravata levemente torta e aquele frio na barriga que precede momentos decisivos. Quase antecipo a profusão de tiradas sem graça que deve ter feito para amenizar o nervosismo. Não seria ele se não as fizesse. Ela tampouco estava calma. Quase não comeu nada durante o dia, ficou em dúvida com o penteado - mas depois tranquilizou-se -, analisou mil vezes o vestido pendurado na porta do armário para pegar mais um ar e soltou uma dezena de vezes aquela risada única - foi sua tática para acalmar as borboletas na barriga. No espaço destinado aos degraus do altar que não havia, ele batucava o pé impaciente. Nos bastidores, ela desfolhava o buquê enquanto esperava a hora de entrar. Fingia aquele misto de calma e segurança, é certo, mas estava uma pilha. A cerimônia começa. No caminho até o altar sem igreja rostos conhecidos, sorrisos verdadeiros, olhos marejados. Ela se esforça para não chorar. Ele faz de tudo para se conter. Ambos conseguem, seus pais não. Queriam uma cerimônia diferente. Mas, no final, casamento é casamento, não importa os detalhes inéditos. A troca de alianças, as frases de amor eterno, o sim e o beijo final acabam deixando casamento com cara de... casamento - seja no sertão ou NY, na favela ou no castelo. A festa, essa sim, é que pode, e pôde, fazer a tal diferença. As bandejas revelavam, finalmente, os quitutes guardados como segredo de estado. O casal, agora oficial, quis logo decretar que a festa podia começar, sem a lenga lenga dos trâmites costumeiros, e começou a dançar - para desespero da mãe da noiva, que prefere o tradicional. Ao invés do mesa a mesa, foram de roda em roda saudando os convivas. Nas mais animadas, abraçavam-se todos e pulavam em um grande círculo - ok, ok, isso já foi lá pelo meio para o final, quando já estavam de havaianas, alguns com a gravata querendo ir para a cabeça, cena bizarra, mas decreto máximo de que a festa está boa. Na passagem para o corte da gravata, ela resignou-se em torcer para que os amigos do noivo, ou melhor, marido, não dessem tanto vexame. É, foi daquelas festas que os amigos comentam anos depois. Daquelas que se tornam marco de referência. Depois dela, vai haver pior que ela e melhor que ela - o que acredito difícil. Umas cinco da manhã, poucos sobreviventes, os dois dançam no meio do salão, os pés doem, estão cansados, um pouco bêbados - mentira, muito bêbados -, rostos colados, trocam aquele olhar que não exige palavras, ela aperta o rosto dele com as duas mãos - ou cutuca a não barriga que ele julga proeminente? Não estou bem certo -, eles se abraçam e prosseguem a dança de uma vida, agora oficialmente juntos. Foi assim que foi. Foi assim que seria. Quase aposto nisso. Só não dou certeza plena pois esse foi o dia em que eu não estava lá.


Diogo e Giu. Vocês sabem o peso no coração que me dá não estar aí hoje. É como faltar ao casamento de um irmão, porque vocês são mais que melhores amigos. Escrevi este post nessa hora porque deve ser o momento em que vocês devem estar casando. É minha maneira de estar aí com vocês.